Escreve, furiosamente. Rasga, ainda mais veloz e com ferocidade tal que me assusta.
Parece a mesma espera de sempre, a mesma esperançada estupidez de sempre. Cospe as palavras, engole-as de novo: ninguém as ouve, ninguém as sente.
Tudo se renova, insiste em acreditar. Insiste e teima em não se deixar corroer pela dor de ser quem é, de amar. Raiva. Engano, daquele que chega e desfoca a visão turva de quem tenta ver de perto, sentido a dor de quem está longe. Sempre longe.
Então? Tudo parece cor-de-rosa, carne nua pronta a ser dilacerada. Mas não, aqui não há ternura, nada existe. Só uma ironia lenta, descascada e descoberta num segredo unilateral. Segredo traição, que é a única que se admite entre quem alguma vez pôde acreditar amar.
Cospe, engole, volta a cuspir, desta vez mais negros. Puta da esperança. Puta da ingenuidade, e o amor também é uma puta, vende-se, mente, ilude, sem nunca se enganar.
É assim que a vejo, a contemplar a janela. A sonhar uma janela alta o suficiente para que a queda seja vertiginosa, para que a velocidade terminal a derrube num sopro. Fica-se pelo sonho, sabe que morta já está. Há meses, anos, eventualmente nunca terá nascido.
Finge, esquece,
Engana o desencanto,
Brinda... por ti...
Por hoje e por enquanto
Afinal ...
este texto sou eu neste momento!!!!
quando li senti-me la....
ta brutal!!! mesmo....
beijo*