Amarelo

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Diziam que era a cor da saudade.
E que até trazia algum consolo, saudade é saber-se que algum dia se esteve perto.
Também diziam que a chuva dilui o peso de se ser alguém. E que os rios correm sem parar, não voltam para trás, não invertem o seu rumo, por mais que desejássemos.

Agora dizem que amarelo é a cor da distância, do adeus, do nunca mais, ou até do talvez sussurrado em palavras dúbias. Dizem também que a chuva é efémera e o sol traz o renascer, a dor de se saber perto querendo estar longe.

Dizem e atropelam palavras como flechas que não têm direcção, só um destino. E o mundo é redondo, acrescentam. Embrulham ofertas em pedaços de papel coloridos, com fita amarela, e devolvem ao remetente, porque preferem não pensar e não saber sentir.

Que chova, então, por efeméride, e que o amarelo represente saudade, mais do que lampejos fátuos de algo inexplicável. Que se arranquem as palavras, que se vejam os olhos e se ouçam as palavras.
E ela já não sabe se quer ficar ...


vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem bomba
quero adormecer


Des(Encanto)

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Escreve, furiosamente. Rasga, ainda mais veloz e com ferocidade tal que me assusta.
Parece a mesma espera de sempre, a mesma esperançada estupidez de sempre. Cospe as palavras, engole-as de novo: ninguém as ouve, ninguém as sente.
Tudo se renova, insiste em acreditar. Insiste e teima em não se deixar corroer pela dor de ser quem é, de amar. Raiva. Engano, daquele que chega e desfoca a visão turva de quem tenta ver de perto, sentido a dor de quem está longe. Sempre longe.

Então? Tudo parece cor-de-rosa, carne nua pronta a ser dilacerada. Mas não, aqui não há ternura, nada existe. Só uma ironia lenta, descascada e descoberta num segredo unilateral. Segredo traição, que é a única que se admite entre quem alguma vez pôde acreditar amar.

Cospe, engole, volta a cuspir, desta vez mais negros. Puta da esperança. Puta da ingenuidade, e o amor também é uma puta, vende-se, mente, ilude, sem nunca se enganar.
É assim que a vejo, a contemplar a janela. A sonhar uma janela alta o suficiente para que a queda seja vertiginosa, para que a velocidade terminal a derrube num sopro. Fica-se pelo sonho, sabe que morta já está. Há meses, anos, eventualmente nunca terá nascido.
Finge, esquece,
Engana o desencanto,
Brinda... por ti...
Por hoje e por enquanto

Afinal ...


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