Mastigo as palavras silenciosamente. Cuido-te (sem que o saibas) enquanto te empurro para fora do chão que me deste. Não ferirão as palavras que te escondo nem por volume, por aspereza ou mesmo por maldade. No fundo (meu amor), será mesmo o amor que te tenho que nos separará. Dir-te-ei o que me pesa com olhos rasados de nãos e as memórias de ti coladas na garganta e cravadas na retina. Dir-te-ei que te enterrei no abismo onde me faltas (o teu corpo permanece em mim) e que o resgate da minha alma só tem força para um de nós. Faltar-me-ás (todos os dias). Quebrar-te-ei o que resta de nós para te salvar deste ventre sujo que sou. Cheiro-te, ainda, em mim. Inspiro. Expiro. Preparo-me. Sem aviso. Mordo-te. Com força. Muita força. Toda a força. Até persistires apenas tu, sem mim, e o meu corpo, exangue, nada mais te provocar senão um frémito que não saberás precisar.
As mãos que toco tremem de amor
Os corpos juntam-se na procura de calor
E o que dizemos dali não sai
Os olhos juram e eu juro ainda mais
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