Soube pelo olhar dela que se tinha atrasado demais. Precisamente uma dezena e meia de minutos, contando pelo relógio inexorável.
Soube-o também pelo silêncio dos seus olhos e pelo fechamento das suas mãos.
No fundo da garganta tentou encontrar palavras e percebeu que se atrasara havia muito tempo. Não fora hoje, nem ontem, foram apenas os segundos de espera que se deixaram acumular sobre o pó da incerteza. Nunca fora homem de palavras, por mais homem de palavra que fosse. Nunca fora pessoa de um simples "gosto de ti" porque o dava por adquirido e apreendido.
No fundo da garganta, encontrou o olhar morno dela. E abraçou-a, no meio da multidão.
Nessa altura sentiu o tic-tac do relógio apressado. Ainda vens a tempo, diria ela enquanto servia o vinho. O tic-tac. O vinho.
Pousou o copo e fechou os olhos. Prendeu-lhe a mão nas suas e os olhos mornos pousaram em si...
Bem por trás do que eu queria dizer
Uma cisma que eu não consigo aceitar
Eu convivo com medo de ter
Novas mentiras para o mundo brincar
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