Fugiu-lhe o sorriso dos olhos como se de uma bola de sabão se tratasse. Quase o viu pairar sobre a sua cabeça enquanto o rosto se encerrou e turvou em curvas rígidas.
Procurou acidamente um qualquer sinal de trânsito, uma indicação, uma velada seta, um qualquer indício, fosse qual fosse, apenas buscava direcção.
Apaziguou o silêncio de respostas com o café a escaldar-lhe na garganta cansada de bons dias e boas tardes que puxavam cortinas sobre o medo da multidão. Queria andar, andar até os pés se recusarem a mover mais um passo que fosse, queria andar sem sair do mesmo sítio, apenas para descobrir que as bolas de sabão não dependem de mais nada senão dos olhos de quem a vê. E é estranho ter tantos pares de olhos a olharem-no sem o ver. E olham, vêem um corpo, sorriem e insinuam, mas são tijolos de alma. Pedaços de pele que puxam e esticam músculos em sorrisos. Mas que não sorriem.
Abanou a cabeça enquanto enterrou a memória da cidade a adormecer no recôndito das paisagens que nunca haveria de esquecer. Fechou os olhos, como se a imagem gravada ficasse mais nítida por isso. Era o sono a vir.
E é de braços descaídos que vejo
O sol desaparecer
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