Estática. Rodeia-se de afazeres incompletos e esconde-se no fundo do corpo.
A noite talvez hoje afague os traços que a insónia tem cavado.Mas de noite, o mesmo suor frio, a quem, por vício e ímpar desvirtude, resolveu apelidar de "solidão", a sorrateiramente adormecer nos seus lençóis, enquanto ele persiste em branco acordar. Se ao menos calassem este ruído inaudível, esta morte lenta e atroz. E de manhã, o burburinho dos outros também se chama solidão. Bem como o senhor que invariavelmente o saúda na esquina do quiosque. E os pombos que trespassam o coração da capital, também eles têm solidão no nome e no cantar. Mas a todos estes passos cravados fundo se sobrepõe o ruído branco, a estática de se saber que a solidão é apenas o espelho sem rosto.
Mal eu sabia
Que a vida rouba os sonhos
Mal eu sabia
Que o mundo nos desmama
De paixões surdas,
Cava na cara
Sulcos secos
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