Cicatriz


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Lembrar-me? (?)



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- Mãe, é verdade?
- O quê, filho?
- Como costumas dizer, que a cicatriz sobrevive sempre à mais perfeita ligadura.

Ela sorriu, enquanto virtualmente o coração parou de bater, e o sangue escapou das veias e artérias. Era, afinal, um sorriso triste de tristeza, da lancinante certeza de que era triste e, afinal, tão cru e verdadeiro, o que o rapaz lhe dizia.
Claro que a frase não era dela, ouvira-a, algures nas certezas mestras de quem há muito parecia ter perdido a ilusão da vida, para lhe ganhar em poesia transformada em simplicidade.

- É sim, filho, é sim - e os ombros descaíram, tristes de tristeza. Todo o corpo permaneceu triste, de tristeza, mas sábio. Por melhores que fossem os ventos, por favoráveis que fossem as marés, a cicatriz sobrevive sempre à mais perfeita ligadura.
- Está bem.

Mas não está bem. Não está bem, porque pensar é reabrir, sentir é reatar. Então para que servem as cicatrizes. Diria um outro alguém que são tatuagens que nos indicam as memórias que mais nos tocaram, as que mais nos possuíram, pois não somos nós que temos memórias, mas sim elas que nos têm, algures bem encerrados dentro delas. E eventualmente que servem para aprendermos.

Ela sorriu. Há coisas que preferia não ter de ensinar. Havia demasiada beleza traiçoeira no mundo para que o filho a descobrisse toda já. Era demasiado cedo. Seria sempre cedo demais. Sempre com um sorriso marujo, um olhar distante e talvez triste.
- Não penses nisso. Tens muito tempo para ter cicatrizes que te duram a vida toda.

E soube, nesse exacto momento, que havia chegado a primeira de muitas cicatrizes à carne da sua carne. Cedo demais.


O caminho para trás está vedado
Tens um muro à tua frente
E quando olhas prós lados vês a mobília indiferente
E abandonas essa casa
Onde sentiste o chão a fugir
Arquitectas outra morada
Mas sabes que estás a mentir
(para G)



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