Entrançou o sorriso. Esqueceu o sono que colava as pálpebras e desafiou a manhã. Sempre gostara da noite e temera as manhãs. A madrugada sem a noite parecia fúnebre e impensada, inconsequente e despojada da magia do fumo nocturno.
Deixou o frio salpicar-lhe o rosto, roer-lhe a pele, enquanto se nega ao sol que há-de vir.
A viagem não é longa. Perde-se apenas na contemplação dos rostos que ainda dormem enquanto conversam sobre as vidas e as madrugadas.
Quer a noite, e enquanto se ajeita na dormência da rotina uniforme, abre o sol. Abre os olhos e espreguiça-se. Afoga o sono em café quente. Compõe o sorriso. Chega o sorriso. Abre os olhos e os braços. É este o dia, o dia bom, a manhã é boa. Enquanto o azul a fizer perder o sono.
às vezes o nosso amor adora
morrer
pra voltar e voltar
a correr
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