Querida Romã:Sabes bem como te temo. Sabes que só de adivinhar que um dia entras por aquela porta e te instalas confortavelmente no sofá improvisado, as minhas pernas tremem e não consigo juntar mais que dois raciocínios. Por outro lado, minha cara companheira, só de pensar que um dia transporás essa mesma porta, se me esvazia a alma e me inunda a tristeza da tua partida. Em suma, tanto te quero como te temo. Sim, entendes agora a minha inconstância?
Se ficas, morrem as danças ao luar, se partes, morrem as estrelas que salpicam de alegria o luar, e sem luar não podem haver danças.
Reencontro-te aqui, pois não partiste de verdade. Sabes? Por vezes parece-me que a tua face se encerra em condescendência, quando de facto sinto que é apreensão. Dás-me e tiras. Não, não dás, nem tiras, parece que o teu destino foi traçado muito antes do meu.
Fazia-me falta um abraço, daqueles que me diriam, baixinho, que não fiz figura triste e que não me abandonarás. Só que nem sei se alguma vez estiveste realmente cá nestes meses frios. Chega o calor, e a tua beleza ultrapassa-me de longe. Abraça-me ... só isso. Pode ser à distância. Se chegares a uma qualquer janela, agora mesmo, vês a lua? Eu vejo! Então vai lá, eu espero, e se pensarmos uma na outra ao mesmo tempo, estamos perto.
Até já!
Sinto uma calma estranha
Que em mim se entranha
E deixa descansar
Fui à janela, não vi a Lua. Vi uma estrela bem grande... Desta vez não te vi no mar, mas sim no céu. Estamos sempre perto!
Eu nem eu sei se estive sempre aí, nesses meses frios.
Adoro-te
:')
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