Diziam que era a cor da saudade.
E que até trazia algum consolo, saudade é saber-se que algum dia se esteve perto.
Também diziam que a chuva dilui o peso de se ser alguém. E que os rios correm sem parar, não voltam para trás, não invertem o seu rumo, por mais que desejássemos.
Agora dizem que amarelo é a cor da distância, do adeus, do nunca mais, ou até do talvez sussurrado em palavras dúbias. Dizem também que a chuva é efémera e o sol traz o renascer, a dor de se saber perto querendo estar longe.
Dizem e atropelam palavras como flechas que não têm direcção, só um destino. E o mundo é redondo, acrescentam. Embrulham ofertas em pedaços de papel coloridos, com fita amarela, e devolvem ao remetente, porque preferem não pensar e não saber sentir.
Que chova, então, por efeméride, e que o amarelo represente saudade, mais do que lampejos fátuos de algo inexplicável. Que se arranquem as palavras, que se vejam os olhos e se ouçam as palavras.
E ela já não sabe se quer ficar ...
vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem bomba
quero adormecer
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