Que se aperta, junto ao pescoço, e asfixia, e impede qualquer trago ou sopro de vida.
Morte lenta, cheira a mortalhas viscosas ... Cheira a dedos bafientos, a gárgulas sedentas, a nuvens prestes a eclodir em pó.
És pó, ao pó voltarás, dizem. E a carne, que prende os desejos e os sentimentos? E os beijos e os abraços?
Hoje talvez pudesse ser um pouco mais de pó. Talvez o pó afaste outro pó, como as cargas eléctricas. Seria electrão e a morte protão. Tudo menos neutrão, passivo, à espera.
Asfixia, suga o brilho dos olhos, turva a pele escamada, morre lentamente.
Assim seja.
Sentimos no ar a melodia etérea.
É a nossa música.
Cantamos e dançamos como se fosse a última vez,
o último olhar, o último toque, o último beijo.
Estás linda.
O teu vestido, da cor do vinho
que enche os copos,
aquece o chão que pisas
e relembra-me a razão.
Todas as razões.
Diz-lhe para parar aqui.
Eu queria tanto parar aqui.
Um exclente texto, no final com a música dos LM *.*
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