Há um caos redondo e imperfeito a asfixiar a cidade dos abraços. Caem espessas névoas de saudade, transformam a noite em sufoco de saudade e fome. Há um abandono morno e confuso, lamentos e gemidos, e falta de abraços.
Uns dizem que o tempo se esgota nas memórias rendidas, outros clamam à âncora do passado que os venha resgatar. Todos sabem que é cinza e pó o luto que não lhes dá sentido à dor.
Mãos apertam-se e cicatrizam-se numa esperança vã, os braços já nada podem contra o fim dos abraços, as vozes ecoam em surdina pasma. Um nada apoderou-se de todos os habitantes, rasguem as vestes e dispam-se, o tempo não pára, o choro não pára, a dor não pára. Abrandem as lágrimas e o sal que vos escorre, aqueçam-se de abraços finais, diz o profeta, o fim está perto.
Cala-te, dizem-lhe. Que morras sufocado nas tuas blasfémias vãs.
Há um caos redondo e imperfeito a asfixiar o que resta da cidade dos abraços, e a dor segue, feita em fogo e noite eternas a abraçar saudades que doem.
E o mundo só quis virar
A página que um dia se fez
Pesada
~ a toda a minha família citrina ~
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