Ciclos

Cometido em 25 outubro 2006 por Green Tea | Partilhar este crime

Despiu-se de toda a tristeza e viu a sua casca incendiar-se no contacto com o chão frio. Quis voltar a vesti-la, sentir a aspereza dura da eterna dismorfa solidão asfixiá-la um pouco mais, mas a ampulheta girou sobre si mesma e implodiu, desfazendo todo os restos de casca. Morta.

E nua enrolou-se na fogueira pálida da auto-suficiência. Plagiou a sua memória dos arquivos inacabados de ser um anel de fumo a pairar na imensidão da vida. Respirou, uma vez, uma outra vez, e uma última vez.

Deixou um anel de calor tatuado no chão. Para sempre.

Vai deixando o tempo passar
Vai trincando o que te dão para comer
Talvez vá o mundo fluir

3 opiniões sobre o crime “Ciclos”

Anónimo on 6:19 da tarde

Ciclos... Nem sempre é o tempo a passar que faz com que os ciclos terminem, que fazem o mundo fluir... Nem despidos da tristeza (será que alguma vez a despimos?) e envoltos na solidão que conhecemos de cor conseguimos ver o que realmente deveriamos... É uma eterna utopia.

E as memórias? Reais? Ou implantadas pelo coração que tenta a todo o custo fazer o cérebro implodir em pseudo-sorrisos que nunca descobriremos a razão?
Anónimo on 1:01 da manhã

Tens razão, sendo que nem sempre a razão acompanha as asas da emoção...
Há momentos, como melhor que eu sabes, que de tão etéreos e sublimes fazem e desfazem ciclos, catapultam mudanças, avanços ou retrocessos. Queimam pelo frio que nos trazem ou gelam-nos de medo do calor ... somos assim, não é?
Deveríamos nós ver alguma coisa, de verdade? Acho que não. Há sempre oportunidades para nos despojarmos do que deveríamos para a realidade do aqui e agora. Assim, simplesmente, e sofrer ou saborear as consequências. Seja!

Ah, as memórias. São como nós ... são tão amargas num momento e tão doces noutro. Vemo-las conforme queremos olhar para essa caixinha de nós. Mas olha que qd sorrimos n serão pseudo-sorrisos, ainda q tenham sido pseudo-vivências, tanto os sorrisos como as memórias são reais ;)

(welcome back!)
Anónimo on 12:49 da manhã

Se te lembras ... abri a porta de vidro. Espreitei e estava frio lá fora. Guardo-me nos meus sorrisos reais, mas passados.
É por isso que vou descansar os olhos e a alma.
(msn tinha ido abaixo, desculpa)