Saiu um pouco mais tarde do que previra, e a pressa da cidade em detê-la em viscosos engarrafamentos quase a levava ao desespero. Já o imaginava a tamborilar os dedos na mesa enquanto esgotava o primeiro café e copo de água. Dois cubos de gelo, se bem se recordava. Sempre atrasada, diria ele, ela teria de concordar.
Pagou o táxi. Riu-se, se ele soubesse que era apenas quando estava com ele que tentava adivinhar as luzes verdes no meio da cinza citadina. Enquanto apressava o passo, sentiu a calçada puxá-la um pouco mais, como que a lembrar-lhe o peso de cada decisão motora em avançar.
Sabia que iria sorrir ao entrar no café. E que ele esboçaria um sorriso resposta. Era tudo o que precisava, saber a resposta no seu sorriso, a franqueza no seu olhar. E sem saber, sorria já enquanto se aproximava.
Entrou, e lá estava ele, com uma chávena de café abandonada e um copo vazio. E um sorriso que se multiplicou na sua pele.
Somos nós o fim do que existe em nós
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