Pediu um café, e o copo de água veio com dois cubos de gelo, como era hábito. Hábito e costume, e sorriu, enquanto deitava o açucar, como não fazem os verdadeiros apreciadores de café.
Por hábito e costume, bebeu a água, bebeu o café, acendeu um cigarro. Olhou o relógio de parede, quatro menos um quarto. Tinham combinado às três e meia, mas sabia, por longos anos de hábito e, claro, costume, que ela chegaria atrasada.
Não fazia mal, nunca fez, para ser totalmente sincero.
Tinha tanto para contar. De como sentira falta do seu sorriso, das suas palavras, dos seus conselhos. Ela era tão real, tão simplesmente real. E sabia sempre o que dizer.
Foi a pensar nisto que se sentiu escorregar de si mesmo para debaixo do chão.
Não a podia perder. Nunca, mas nunca. Nunca deixaria que o hábito de a saber sempre presente a deixasse escapar pelos dedos da rotina.
Foi quando ela entrou, sempre a sorrir. Ele sorriu também. Por hábito, costume, e algo mais.
Não existe o fim do que existe em nós
Nunca vês o fim do que existe em nós
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