"Hoje choveram pedras e nasceram caramelos nas árvores. O chão era de chocolate e as estrelas caíram no chão e dissolveram-se"
(freak)
Sem queimar demais. Sem puxar demais. Encostou o ouvido ao peito da porta para escutar a ausência. E as palavras voaram ligeiras, baixinhas. Complexas, perdidas entre a madeira e os sonhos que matam os dias, devagarinho para ninguém os culpar.
Deixou-se escorregar até ao soalho que o separava da queda. Estarrecido. Dormente. Dorido e quebrado. Cheio de nada. Sentiu o corpo tremer, talvez de fome ou extenuado pela sombra fresca que o embalava em promessas finas e arenosas de um gesto não esboçado.
Abraçou o chão que fugiu por debaixo dos pés, esgueirou-se pelo parapeito da memória até ser pequeno, pequenino, sem o condão pesado de pensar de mais. Reflexos de quando tinha a lua cheia no rosto e o sol em si. De quando sabia quem era e de quando não sabia o que era.
Sentou-se, era um farrapo de pele, ossos, músculos e pouco mais. Era uma fronteira ténue entre a dor e a escuridão. Desdobrou-se, fechou a cara aos tons matinais que rompiam e voltou a encostar o ouvido ao peito da porta. Que não abria. Nem tinha paredes à volta.
não desistas por tão pouco
o amor tem estado perto, és tu quem não estado cá
ERVA FAZ BEM OU MAL?