Silêncio II


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Lembrar-me? (?)



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Em resposta a um desafio, lançado --> aqui.


(...) Foi então que se apercebeu do silêncio na cidade que nunca dorme...
Escutou ... Deixou-se continuar sentado, apenas simplesmente à escuta desse silêncio, puro e imenso, que se fazia ouvir em vibrantes tonalidades. Dançava o silêncio com as espirais de fumo que se entrelaçavam nas estrelas ainda visíveis.
Abriu muito os olhos, como para deixar entrar todo o quadro em si, todos os pormenores. Nunca tinha visto o silêncio, e agora ali estava ele, palpável, tangível.
Descalço, pisou a pedra fria. Um arrepio fugaz. Soube-lhe bem o frio, afastou o fumo dos olhos cansados, torturados pela lua e pelas estrelas que lhe acenavam de tão longe. Tacteou a parede nua, faltava-lhe o equilíbrio, sempre lhe faltara qualquer equilíbrio, de compreender, de amar, de ser, e sorriu tristemente.
Agudo, o pensamento tornou, investiu implacável, penetrando o silêncio e rasgando as estrelas que se preparavam para dormir. Já o conhecia bem, o pensamento, tratava-o por tu, numa facilidade exígua e concreta. Mas não conhecia o silêncio, nem o seu poder.
Antes de se render, procurou e encontrou o candeeiro, estivera sempre lá ... E a luz, mínima noutras madrugadas, rompeu o pensamento, galgou as paredes e aqueceu-lhe o corpo. Silenciosamente.
Dia. Claridade. Saudades da lua e das estrelas, sempre, no peito o doce adeus das estrelas e a calma ternura da lua. Mas pela primeira vez amou o sol. Em silêncio.


a luz continua presa ao tecto
por mais que se tente tirar


22 opiniões sobre o crime “Silêncio II”

  1. Anonymous Anónimo 

    (um sorriso enorme)

    Li o fim deste texto a quatro mãos de uma forma suave, quase tão suave como o nascer do Sol quando se está atento... Confesso que não estava à espera de um final quase feliz, mas enquadrou-se perfeitamente. Se assim fosse quando o silêncio invade o pensamento... :)

    ( E as palavras finalmente sairam... )

  2. Anonymous Anónimo 

    Preciso de finais (quase) felizes neste momento.
    Lá está, a luz continua presa ao tecto e tudo se renova quando fazemos do fraco a coisa forte :) (toranja, outras palavras com sentido e sentidas)

    (saíram, a medo, ainda quase mudas e enferrujadas, mas saíram finalmente)

    *

  3. Anonymous Anónimo 

    Conseguir escrever um final quase feliz é já um passo para o encontrar...
    Tudo se renova, ciclicamente, e por vezes os ciclos tocam-se como num eclipse dos astros... A confusão que se instala. Um turbilhão. Esquecemos que a luz continua presa ao tecto, esquecemos até que um dia a conseguimos acender... Ou será tudo fruto de uma imaginação mascarada de realidade que não satisfaz?

    (hoje estou para divagar)

  4. Anonymous Anónimo 

    Conseguir escrever é um fim em si ...

    Acredito que tudo se renova, que dentro de nós o que foi fraco será forte, e o que é hoje mais forte será mais frágil num futuro por adivinhar.

    A luz, que podemos não ver ou não lembrar, é a luz que nós deixamos, a sua intensidade é a que lhe permitimos ... lá está, somos deuses, eventualmente de voltas trocadas, mas somos :)

    Imaginação disfarçada de realidade que não satisfaz? Se a realidade não chega, que nos levem as nossas asas, que a essas tudo é possível, basta querer ... e é do alto dessa miragem que podemos mexer nas peças do puzzle que temos da nossa vida. As outras, as que faltam, virão a seu tempo ... ou assim espero ...

    (divagar é sempre bom, está um dia óptimo para divagar)

  5. Anonymous Anónimo 

    Ou a interrupção de um fim que nunca existiu... (tenra ilusão utópica de um desejo reprimido?)

    Quase tudo se renova, não tudo. Nunca um todo. Assumiriamos assim ser seres imutáveis, ou pior, ter conhecimento de um todo. Não o temos. Nunca o temos. Assim como uma peça de xadrez colocada num local estratégico nos parece acertada num instante e perdida no momento seguinte. Termos conhecimento de um todo retirava-nos um certo prazer... Conseguir olhar um tabuleiro de xadrez a meio do jogo e saber como se desenrolará e como terminará...Nunca sabemos esse "todo" porque num jogo de xadrez também os jogadores fazem parte dele... (seres mutáveis, renovações inconsistentes, escolher o lado de fora (como o Jeremias)... )

    E quando não deixamos? Quando no minuto que o mundo nos concedeu ao deixar de girar nos apercebemos que a luz nos cega, efeito colateral de um espelho habilmente partido? Terão os deuses também limitações ou apenas umas voltas para dar antes de as organizar? :)

    Todo o voo pressupõe uma aterragem... Estaremos preparados para a visão "terrena" do puzzle quando pousarmos?! Claro que virão sempre a seu tempo, embora também acredite que ele não sabe nada nem tem razão como me disse um dia um vampiro... O puzzle vai sendo sempre construido... independentemente da nossa vontade... há os cruzamentos que nos são "impostos"... Aí ninguém escapa...

    (está sim... mas preferia estar a divagar ao sol :P )

  6. Anonymous Anónimo 

    Tudo se renova, continuo a acreditar. Compreendo o que queres dizer, mas renovar não implica necessariamente renovar para ficar igual, qual ciclo vicioso. Renovar também abre o potencial para transformação, e aí acho que vamos no mesmo sentido, não podemos apreender o todo, que é bem mais (e bem menos) do que a mera soma das suas partes. A renovação é um momento, único, efémero e irrepetível, mas tudo se renova, ainda que diferente, eventualmente paralelo, como se dois (ou mais) níveis de abstracção nos permitissem retirar o que permanece e o que se altera. O renovar é constância e transformação... sim, acho que é isso ...
    Somos parte de um todo, e somos nós também um todo, não há lados de fora que não nos contenham lá dentro. O Jeremias era um utópico, as entranhas da terra eram as suas raízes, eram o seu todo, e ele estava, decididamente do lado de dentro. Mas há todos incompatíveis, e o Jeremias é o exemplo cantado disso :)

    Não há passos divergentes, não, mas nunca adivinhamos quando se tornam a encontrar. É como a física quântica, remetamo-nos à frustrante (será?) noção de que não podemos saber tudo (arrisco um "ainda bem"). Acho que o nosso puzzle é mais um todo dentro de outro todo dentro de outros todos e isto não tem fim. Temos dentro de nós também uns quantos todos, agora que penso nisso.
    Podemos, em certa medida, escolher o puzzle, penso eu, ainda que dentro de um certo limite da realidade. Não sempre, mas teremos sempre hipótese de trocar as peças que já serviram e que agora, porque o tempo passou e elas cresceram demais, perderam cor, partiram-se ou as perdemos, podemos renovar o puzzle.
    Não sei se temos de aterrar ... não sei se as asas da imaginação que nos ajudam a suportar e a enfrentar a realidade necessitam de descanso. Só temos porque queremos arriscar mais uma vez suportar a luz, os cruzamentos, a ver se nos saiu a sorte e conseguimos criar a ponte perfeita entre as asas e o chão :)

    (ao sol? com este calor?)

  7. Anonymous Anónimo 

    Esqueci!! Quando não deixamos a luz voar, perdemos as asas ... são asas de luz, já tinha dito? (o reflexo é o risco do voo) :D

  8. Anonymous Anónimo 

    É a velha questão dos estilhaços. Quando há voltam a juntar embora a massa seja a mesma há sempre algo que fica de fora do seu lugar, sempre algo que se perde e outro tanto que se ganha - ou transforma - o que confunde é saber que a vida é repleta de ciclos viciosos, mudando apenas a cor e alguns sabores... Sentirmo-nos impotentes perante tais factos é que nos levam a voar, e tantas vezes com asas que nem nos pertencem mais... Entramos em vulgos enganos pensando que se adequam à nossa realidade e acredito que por breves momentos conseguimos levantar os pés do chão... não mais que isso...
    Para voar precisamos de asas construidas por nós, para nós, e essas são tão dificeis de construir como o puzzle monocromático que "agrafei" num outro espaço...

    Somos como as bonecas russas (escapa-se-me-o-nome) em que dentro há sempre um semelhante cada vez mais pequeno? Ou seremos exactamente o contrário... dentro do nosso todo existe sempre algo maior pronto a explodir e a tentar chegar à tona... Acredito mais nisso, há um ser dentro de nós maior que o mundo prontinho para eclodir mal lhe concedamos algum espaço para tal proeza. E dentro desse um maior ainda... Se melhor ou pior nunca o saberemos até ele "nascer" pois também esse ser é feito dos nossos momentos efémeros, das nossas memórias selectivas, da nossa constante aprendizagem... Por vezes temos a "sorte" (não acredito na sorte...) de ele trazer paz e sossego para o restou de nós e com tais atributos deixamos que ele nos absorva e nos renove (sem ciclo vicioso)

    Passos divergentes há sempre... Penso que haverá sempre passos fora do trilho, passos em frente para o abismo, entroncamentos confusos... Nunca saberemos tudo, por isso teremos sempre de dar esses passos divergentes... também me arrisco num "ainda bem", só assim poderemos viver no sentido prático da palavra. Ser simples marionetas nas mãos do Arquitecto ou viver "by the book" não retira proveito nenhum do que melhor temos... a Vida!

    Escolher o puzzle parece-me demasiadamente utópico, talvez por vezes possamos escolher qual a peça a encaixar tendo duas (ou mais) na mão... Talvez o puzzle também tenha peças suplementares que não são indispensáveis para a sua construção... Talvez seja isso...

    Quando uma parte do puzzle está completa deixa de ter o "brilho" de quando estava incompleta e procuravamos àvidamente as peças... mas nem por isso perde a cor inicial... apenas aos nossos olhos...

    È isso mesmo... tentamos sempre suportar a luz... Haverá esse equilibrio?

    (realmente podia estar mais calor... mas mesmo assim divagava melhor sentado numa cadeira à beira-mar com um sombrero na cabeça e uma bebida refrescante à mão :D :D )

  9. Anonymous Anónimo 

    Não sei ... pensar que as asas por nós construídas são milimetricamente perfeitas assusta-me um pouco, aliás um pouco muito grande. As asas são como os puzzles, ora crescem, ora encolhem, ora se estendem como as do albatroz, ora se atrofiam como as da avestruz (e nos levam a esconder a cabeça nas areias para não engolirmos pedras).
    As asas são leves, e se os nossos pés não descolam do chão não é pela fragilidade das asas, mas porque não estamos preparados para deixar cair as peças que, por mais que martelemos ou rasguemos, não encaixam.

    Gosto da metáfora das matrioskas (acho que é assim que se escreve, hum?). Somos o que podemos e querer ser, tão grandes e tão pequenos, mas sempre iguais ... será? (olho para as minhas matrioskas e vejo que elas não são iguais de cada vez que olho para elas, a minha atenção prende-se sempre em momentos diferentes da sua pintura antiga de quando era eu pequena). Mas o bom das matrioskas é que são flexíveis, porque podemos sempre encapsularmo-nos quando acharmos que eclodimos cedo demais. Ou vamos renascendo aos poucos. Tentativa e erro, mas não monocromática, como dizes, a cor continua lá.

    Um brilhozinho nos olhos quando completamos uma parte do puzzle. Chegará a completar-se, perguntas tu e pergunto eu? E sim, eu gosto da utopia, porque por mais longe que esteja, nos impele a canoa quando atravessamos o deserto ou o oceano em que perdemos as peças... Por isso, peças suplementares, sim, temos à disposição todas as peças existentes e por existir, podemos criá-las, desenhá-las, trocá-las com outras pessoas que por aí tentam completar o seu puzzle. Mas é o processo e não o resultado que importa, na verdade. Como na viagem que fazemos, quando chegamos o monte é mais alto do que quando partimos. O céu é mais azul, e é isso que nos leva a partir em paz, parando apenas para sentir e respirar um pouco, e dar força às asas, se for preciso.

    A utopia é uma benção, pensando bem. É um pintor que nos conhece e sabe as paletas que brilham invisíveis aos olhos. Quando dói suportar a luz, aí, bem, aí... estamos desbotados. Não acredito no equilíbrio ... ok, não acredito em estados prolongados de equilíbrio, há a ameaça da estagnação e essa é bem mais letal que a desorientação. É solidificar as asas, prender os olhos e colocar ferrolhos numa matrioska.

    (mais calor? não, não, podia era chover ... eu cá divagava optimamente num qualquer lado, sentada ao pé de árvores ainda melhor, mas beira-mar também dava, sobretudo num dia nublado :))

  10. Anonymous Anónimo 

    Não são milimetricamente perfeitas (também aqui arrisco um "ainda bem") porque se o fossem não cairiamos, não nos custaria levantar voo novamente... Sairíam apenas aterragens perfeitas...
    Deixar de lado todo o "negativismo" da vida é algo impensável para uma Felicidade com direito a letra maiúscula... (teoria dos complementos)

    Há sempre um pedaço do passado a morder-nos os calcanhares e a atrofiar-nos as asas, em cada queda que se dá é mais difícil descolar os pés do chão... Para conseguirmos chegar à aprendizagem precisamos de tempo... e esse não espera por ninguém... De nada vale processarmos pensamentos a velocidades vertiginosas... Há certas peças que têm vontade própria e tempo próprio para se encaixarem...

    Talvez sejamos sempre iguais, como as matrioskas (sim, parece-me que é assim que se escreve) mas o mundo que nos rodeia (do qual somos vitímas e partes integrantes, fazendo-nos como somos) observa em nós pormenores diferentes a cada instante (como tu fizeste agora com as matrioskas da tua infância) fazendo-nos diferentes porém iguais num todo (se ele existe)...

    Acho que aí reside a nossa pequena diferença comparativamente com as matrioskas... elas podem sempre encapsular-se novamente sem perderem "propriedades", enquanto que nós... depois de eclodirmos corremos o risco de não conseguir voltar a encapsular-nos novamente... ou porque o ser maior (que pode ser menor) se quebrou ou porque desapareceu (transformou-se) simplesmente... Assim como o pássaro depois de sair do ovo não consegue voltar para lá por muito que queira...

    Sim, também eu gosto da utopia, gosto de sonhar e de sonhos, de colorir os sonhos a meu bel-prazer e de criar diferentes tonalidades nos monocromaticos que insistem em não as absorver... É nessas utopias e nesses sonhos que somos completamente libertos e completos, dependendo apenas da nossa vontade... e aí sim, nesse mundo paralelo, podemos criar asas de condor e voar sobre todas as amarras... quebrá-las, porque não....

    É como escrever um livro, o processo é que nos dá força para continuar... sempre com o final no pensamento (esse miserável que não abandona ninguém) mas sem lhe dar real importância... desenvolver, criar... isso sim é importante... o final nunca é o desejado... (quantos livros já leste e acabaste por perceber que poderia continuar eternamente... que o final não se adequa às páginas já lidas?) É exactamente isso... a viagem... as viagens... tantas que faço sem ter que deixar a cadeira onde me sento neste exacto momento...

    Mesmo que quisesses conseguirias essa estagnação? Esse estado de equilibrio prolongado? Eu não conseguiria, e acredita que já tentei... É algo que assusta, talvez mais que tudo o resto, o saber o dia de amanhã, o saber as respostas antes das perguntas... é como perder o real sentido da vida... a descoberta!

    (ao pé das árvores... energia pura... nublado já ele está... pelo menos por aqui... a chuva é que dispenso :P )

  11. Anonymous Anónimo 

    Aterragens perfeitas ... acho que vamos melhorando, sabes? Vamos aprendendo a cair melhor, numa rede tecida de dores de quedas prévias, e sim, talvez nos custe voar novamente, mas quando decidimos abrir as asas, aí acredito que voamos mais alto (mais longe e mais fortes, já agora :P).
    Não acredito na Felicidade, eventualmente em momentos eternos dela, que guardamos para nos aquecerem quando a altitude é demasiado fria e o ar rarefeito nos asfixia.

    Mas é o tempo que nos foge que nos permite aprender, não caímos sempre nos mesmo buracos, não são sempre as mesmas feridas a reabrir, o tempo é um aguçado mestre de obras. Não espera, tens razão, mas dá-nos espaço para aprender. Quando passa ... quando nos puxa e empurra, ensina-nos, ainda que nem sempre leiamos o que ele nos aponta. É do tempo a vontade das peças. Do tempo que nos falta ou sobeja. Não será o medo do tempo que nos aprisiona à vontade das peças, ao abandono da vontade? Não podemos domar todas as peças, mas sim o efeito que elas têm no puzzle, moldando o que podemos como reacção de auto-agência, como forma de ripostar às adversidades que nos teimam nos calcanhares?

    Sou uma prisão de que fujo, a que regresso, é o que estou a ouvir, e fez-me sentido. Tal como as matrioskas. Mas é nessa continuidade irreversível de desenvolvimento ou estagnação que reside o nosso não equilíbrio. Vamos deixando as nossas cascas, e até quando nos conhecemos nelas? Novamente é o tempo quem rege, mas deixamo-nos reger passivamente??? O que foi tem de ser? Tem?
    E se sair de mim, quererei voltar? Mas então e porque saí? Se sair de mim, é em mim que entro.
    Nem sempre nos renovamos quando pensamos, são apenas remendos, mas quando é profunda a transformação, não creio que queiramos regressar, porque há resquícios de casca que incorporamos e transformamos em nós.

    As viagens, faço-as sem rumo, nem mapa ou bússola, perder-me para me encontrar é bem melhor do que me ter achado sempre sem sair de mim :) O final, em si, é a perda do sentido. Tal como nos momentos importantes que passamos, começam a esfriar quando se atingem, começam a cair na rotina do que já temos e somos. Vão o fim, mas é por ele que partimos... (nunca escrevo a pensar no fim, se é que o que escrevo tem fim; tens razão, quando leio, a história continua, para além das páginas, mas é outra história).

    Estagnação. Não quero, sabes? Tenho medo de ela me prender sem que eu note. É fácil perder-me nela, dormentemente confortável. E isso assusta-me, talvez porque houve sempre momentos que me despertaram, e quando quis voar de novo percebi que tinha ficado demasiado tempo presa ao chão.
    Ainda assim, descobrir assusta-me ... e se voo alto demais?

    (sim, aqui tb está nublado, felizmente :P ... e já está fresco, melhor ainda ... ah, meu rico outono)

  12. Anonymous Anónimo 

    Vamos melhorando sim, aí concordamos... a aterragem nunca é perfeita, porque isso implicaria não mais cair ou mesmo cair no marasmo de não mais voar no seu sentido mais verdadeiro... É a velha frase do que não mata torna-nos mais fortes. Não acreditas em Felicidade? Pois ela existe. Mesmo que só nos abrace durante um momento ela existe, e esses momentos não guardamos (apenas uma memória irreflectida deles) para vivermos depois, temos de os viver no exacto instante que eles acontecem...

    Por vezes temos algumas peças para colocar e adiamos essa colocação, subtilezas que nos deixam o livre arbitrio que tanto prezamos, e adiamo-la porquê? Por várias razões, algumas que até a razão desconhece, mas muitas vezes por meo da peça que enecaixará nessa, pela insegurança de avançar... Se não fosse o medo metade do mundo não se mexeria... O puzzle é nosso, podemos jogar dessa forma, e quem sabe até trocar essa peça por outra, com um outro alguém a quem ela é mais indispensável... Ou guardá-la para um futuro posterior... para "depois"...

    Gosto de ter tempo para poder pensar, mas também tenho plena consciência que sinto uma "adrenalina" especial quando sinto que ele continua a avançar independentemente de mim, é a roda dentada do universo que teima em mostrar que ele não espera por ninguém por muito que o queiramos. Vamos ripostando sim contra o tempo (perdido), contra as peças que se encaixam automaticamente e acredito que por vezes retiramos até peças do puzzle para as usarmos quando quisermos... Mas é um falso engano, as adjacentes já estão marcadas pela simples colocação dessa peça (memórias e aprendizagem) e de pouco nos vale voltar a retirar...

    Quando saímos dificilmente queremos regressar... Os resquícios, os remendos... sabemos que eles estão lá, porque os colocámos lá, porque os deixámos... porque há sempre alguma coisa que deixamos para trás na vã esperança de esquecer... E quando queremos? Não conseguiremos jamais voltar ao ponto de partida... Como num jogo de cartas em que não se volta a jogar a mesma carta... As transformações nem sempre são para melhor... Quantas vezes ficamos mais frios, mais distantes, mais inertes com as transformações... É preciso um equilibrio dentro do não equilibrio... Como acordar para sonhar... E esse sonho ser muitas vezes a preto e branco... Sufoca até explodir... ou implodir (como uma lágrima que corre para dentro)...

    Há uns tempos alguém me disse que procuramos sempre um fim, um encerramento de um ciclo para que possamos abrir outro... Mais. Disse-me que a melhor forma de encerrar um ciclo é começar outro antes de terminar o primeiro. Às vezes penso que tem razão, absorver uma nova "meta" acaba por deixar descansar a primeira e com isso o ciclo tomará as devidas medidas para ser encerrado ou voltar ao palco principal... Mas também por vezes, e principalmente quando não consigo fugir do silêncio, acredito que é preciso encerrar os ciclos antes de começar os novos, e que depende apenas de nós encerrar ou dar continuidade... E se o ciclo se encerra (o fim pois) sem nos apercebemos que terminou acabamos por ficar à espera do comboio na paragem do autocarro (sim, também gosto de Clã) e a desejar não iniciar mais nenhum ciclo (e se acreditarmos nisso talvez consigamos evitar que alguns se iniciem)

    A estagnação mata. Sei disso. Aos poucos. Até não restar mais nada que uma carcaça movida por terceiros (ou segundos) desprovida de qualquer sentido prático ou teorico. É confortável? É. Basta deixar o barco navegar ao sabor do vento... e podemos levar uma vida inteira nisso sem tomarmos o controlo. Sem nos apercebemos que nunca o tivémos. E quem nada tem, nada tem a perder...

    Se voas alto demais? Será que existe um alto demais enquanto se voa? Não será apenas mais um medo a morder os calcanhares? A leveza do voo é isso mesmo... Para além do céu não há limite... Não acredites nunca que o céu é o limite... Descobrir sempre... sempre mais...
    Ou nada faria sentido. Aprendizagem e memória. Cair para voltar a levantar. Viver.
    Como costumo dizer "Carpe Diem"!

    (e agora já está escuro, não vou arriscar a ver se ainda está nublado :) )

  13. Anonymous Anónimo 

    Estava a ler e a reler o que escreveste ... sim, momentos eternos e fugazes de felicidade, nisso acredito, porque são como as quedas, têm poder de transformar o que fomos e o que somos :)

    Ainda o puzzle ... achas que o livre arbítrio é essencialmente tradução de medo de avançar? Acredito que pode ser mais, como o louco que prega no meio da multidão apenas para si, para não ser contaminado pela não vida que é tão mais fácil. Crês que o que fizemos antes foi irrecuperavelmente gravado na morfologia de um puzzle que somos nós? E se ao retirarmos peças deixássemos as bordas mais lassas e fáceis de moldar? Aprendizagem, possibilidade de mudança. Confio na possibilidade de mudança, na altitude plena do voo (penso que a n confiar n aguentaria a minha profissão, lembro agora, com um sorriso). Também acredito que ao olhar-se para trás vê-se o caminho que jamais se voltará a pisar e que o caminho se faz a andar. É o olhar para trás, como se vê nas despedidas dos filmes, que assusta. Despedirmo-nos de nós é um poderoso fazedor de pensamentos.

    O equilíbrio dentro do não equilíbrio. Haverá? De verdade? Não estaremos sempre em permanente busca do equilíbrio mesmo quando o aparentemente possuímos? Como se uma balança que cuidadosamente protegêssemos nunca pudesse, por defeito propositado de fabrico (do Arquitecto, por exemplo) ter os pratos em perfeita harmonia. E como se os sonhos a preto e branco não nos deixássem sermos autores de uma tela que só nós conhecemos ao pormenor, cada um de nós a colorir, de azul, verde, preto e cinzento, ou cores que nem existem a não ser na nossa criança secreta que calamos por inconveniência.

    Ciclos. São tantos ao mesmo tempo, e nem sempre conseguimos descortinar em que estado (de completude) estão. E quando o fim chega e não nos apercebemos? Como as oportunidades, que sussuram descalças por detrás da porta? E quando não chega (o fim) e trancamos a porta, por mágoa do atraso face às nossas expectativas? Nunca sabemos o que está detrás do fim, há tantas coisas que nunca chega(re)mos a saber ... e se calhar ainda bem. É ao mudarmos a atenção, a dor, a alegria para outros horizontes que podemos estar alertas para outros ciclos. Aí concordo, o tempo não espera, mais preciso e fiel, mais despreocupado e quase arrogante. Mas é certo que é nesse momento, quase aleatório, que a nossa vida pode conhecer outra peça, se calhar a que faltava para completarmos um pouco mais do puzzle.

    Voar alto demais. Sim, continuo a achar que se não me atarem como a um papagaio de papel, saio de órbita. Talvez seja de mim. Disse ha pouco que para os outros o voo é pleno. O meu, concordo contigo, faz-me medo. Porque me disseram precisamente isso, o céu não tem limite. E as minhas asas de falcão chamuscaram-se quando não mereciam. Talvez seja uma fase, em que quase tudo o que toco fica inerte, robusto mas inerte. Descobrir-me, talvez comece por aí, porque a mudança começou a acontecer ;)

    Carpe Diem (costumo terminar algumas sessões assim:D)

    (está escuro, pois, é de noite, hora de sairem cá para fora os viajantes escondidos)

  14. Anonymous Anónimo 

    Têm sim, assim como os momentos de tristeza, de solidão, de angustia... Não podemos jamais esquecer é que a felicidade é um modo de viajar e não um destino (houve alguém que escreveu isto mas não recordo quem), se acreditarmos nisso talvez consigamos absorver esses tais momentos de uma forma eterna... Seremos sempre nós mas de formas diferentes...

    O livre arbítrio não é, essencialmente, medo de avançar mas é muitas vezes condicionado por esse medo. Somos condicionados por esse medo sim, a cada instante... Existirão loucos? Ou a pessoa que prega no meio da multidão sente-se exactamente como nós já nos sentimos... sozinho?? E apenas fala consigo próprio enquanto que nós, no meio da multidão, apenas conseguimos gritos mudos... Não será mais fácil conseguir rasgar o silêncio do pensamento? Não o fazemos com... medo? :) De quê? De quem
    A nossa vida é feita de marcas, gravações nas peças... Podemos sim "rasurar" essa marca colorindo a peça com uma nova cor, com uma nova marca, mas quantas vezes elas voltam a aparecer sem que nos apercebamos... afinal o mundo é redondo... Mais fáceis de moldar? Como assim? Uma especie de libertação que faria a peça encaixar mais suavemente, sem esforço?

    Mudamos sim, claro que sim e felizmente. É ao mudarmos que conseguimos perceber que nada é absoluto, que não somos donos do mundo e da razão. E nessa mudança há sempre uma evolução, uns degraus que se sobem, um alargar de horizontes se me permites a expressão... E é nessas mudanças que vamos confiando mais ou menos... Sim, que também sabes que muitas vezes acabamos por confiar menos... muitas vezes em nós próprios.... (na minha profissão é mais o contrário, embora a confiança tenha de ser mútua tem de haver mais confiança do outro lado do que do meu...)
    E despedimo-nos de nós com consciência disso? Tão poucas vezes... E quando assim é custa tanto... E o pior dessa dor é não saber onde dói... :)

    Encontrar um perfeito equilibrio seria entrar no marasmo, penso que terás a mesma opinião que eu. Não há um pleno equilibrio, pois isso tiraria qualquer ideal de avançar... como um equilibrista em cima da corda, ele está seguro, equilibrado, mas tem de avançar, tem de se lançar à aventura - com os pés bem colocados do equilibrio que tinha alcançado - e continuar perdendo o "pleno" equilibrio... mas é necessário para que consiga atingir a outra margem...
    Gostei das cores que te lembraste (sorriso) mas para os colorirmos temos de os deixar invadir-nos, como se podessem deixar de ser sonhos para serem realidades, desfazendo a pequena linha que os separa... Porque acredito bastante nos sonhos, especialmente porque sei que um dia os poderei colorir com as "minhas" cores... Enquanto não consigo vou experimentando tonalidades diferentes, enquadrando-os em telas pequenas e grandes... Tentativa e erro uma vez mais...

    Como escrevi num outro "mundo" acredito que as pessoas, as coisas e os acontecimentos acontecem por razões que muitas vezes não estamos alerta para descortinar, mas que há um propósito em tudo isso (talvez uma manha do Arquitecto)...
    Muitas vezes quando nos apercebemos do fim já ele tinha acontecido há imenso tempo (esse tempo que não existe e nada sabe) e quando nos apercebemos o único que conseguimos fazer é contemplar esse "estado"... Será uma limitação nossa ou um engano que nos submetemos encontrando um refúgio seguro? Tantas vezes nos enganamos, trancamos a porta, deixamos a oportunidade escondida atrás dela, esquecemos de sair pela janela... Mas acredito que só assim podemos evoluir para estádios mais complexos, podemos encontrar o nosso "eu" e com isso perceber a importância da chamada Felicidade, ou da chamada evolução... Os cruzamentos da estrada da vida existem para que possamos optar... Fico contente emsaber que não há apenas uma estrada recta por onde temos de seguir. Alegra-me saber que também podemos cair na vala, que também podemos entrar em atalhos sem saída... ajuda-me a relembrar que estou vivo quando o marasmo se recorda de mim e me vem visitar trazendo o companheiro silêncio e a amiga solidão....

    É o saber que não há limite para além do céu que te assusta? Conseguirás provar então que esse limite não existe se não alcançares o céu? E sabes que para o alcançar terás de tentar voar... Descobrir-te, reencontrar um ponto alto em que possas lançar-te para o voo... É que quando se voa parece sempre que é a primeira vez que o fazemos... Talvez por isso seja tão dificil tentar... Asas de Fénix, não de falcão... Pois só essas renascem cada vez mais fortes, cada vez mais robustas... Podes sair de órbita e voltar a entrar... ninguém tem o poder para dizer que não o podes fazer... não somos nós deuses? :)

    Acabas algumas sessões com o "Carpe Diem"? Costumo utilizá-lo mais quando acordo (se chegar a dormir) :)

    (os viajantes, os demónios e alguns pensamentos....)

  15. Anonymous Anónimo 

    Tens razão ... e só nos apercebemos da felicidade quando fugiu por entre os dedos ingénuos depois, irreflectidamente, como dizes.
    O louco na multidão é uma metáfora que me cativa há muito. Porque conheceu a multidão e escolheu, qual Jeremias, o lado de fora, que é o seu lado de dentro. É por isso que é diferente... não teme senão a insanidade da multidão, será?
    O mundo é redondo, sim, mas as peças não voltam sempre ao mesmo lugar. E se forem amaciadas pela aprendizagem e pela brincadeira, sim, será mais fácil encontrar-lhes novo lugar ... com mais liberdade de escolha, com mais possibilidades, com mais horizontes, porque não?

    Confiar... o que é confiar, afinal. Acreditar? Deixar ir? O que é confiar em nós e nos outros? Porque desconfiamos? Confiar é tirar um pouco do véu de nós, da nossa máscara, é expormo-nos e ficarmos vulneráveis, é permitirmo-nos descansar um pouco dos gritos mudos que nos rugem aos ouvidos.
    A cada despedida confiar toma contornos diferentes. Não, nem sempre temos consciência do adeus que não acenámos. E doer sem saber onde dói ... ah, sentir os pés colados ao chão como efeitos secundários da poesia (divagação musical paralela, cof cof). E se soubéssemos? E se não quiséssemos saber?

    Pintar os sonhos ... é quase tão automático como sonhar, poderemos nós sonhar por tentativa e erro, ou não será esse erro o cordel que prende os sonhos à realidade? Porque os sonhos têm imperfeições, tal como o equilíbrio ... haverá um dia em que as cores que agora nos encantam perderão brilho para podermos renovar o sonho, acrescentar-lhe mais e melhores cores. (a ouvir given to fly, lá está ... nada acontece por acaso)

    Li o que escreveste ainda antes de teres mencionado (sou uma atenta seguidora). Mais uma vez, não havendo acasos, veio parar-me às mãos (salvo seja) o que precisava de ler quando precisava de o ler. E nestes percursos, ou outros que pudessem ter surgido, volta o livre arbítrio. Para avançarmos, para trilharmos novos caminhos, criarmos novos mapas sem limitações dos pontos cardeais.

    Quero e espero um dia ter uma relação assim com a solidão. Porque quando ela me visita, é definida no paradoxo na inexistência. Na sua companhia estou só e ela deixa de ser sozinha. Não é minha amiga, mas tal como o tempo, é mestre de ensinamentos. O silêncio é mais calmo, superficialmente. Mas vejo-o como um caldeirão de bruxa (a solidão é a bruxa, para mim), sempre a fervilhar e a deixar-me na incerteza do seu resultado, do seu propósito no momento. Porque também ele tem vida própria dentro de mim. No meio dos gritos da multidão ...

    Asas de fénix, pois. Renascida das cinzas, pois. Lembra-te que és pó e ao pó hás-de voltar ... voar é a miragem, cair o medo, porque me sinto largada (a mil metros do chão :P) e sem saber se as asas aguentam o meu peso. Sei que tudo é maior do que eu, mas confio, a cada momento, um pouco mais para me atirar sobre os penhascos e deixa para trás o peso. Asas de luz... O equilibrista somos nós, os deuses :) sem dúvida!

    Sim, carpe diem ... (também costumo dizer "e hoje ficamos por aqui", mas essa é a versão mais cansada). Quando acordo, não. Geralmente é "já? mais cinco minutos ..."

    (pensamentos, pois ... sorriso estranho neste momento)

  16. Anonymous Anónimo 

    Procurá-la é então um objectivo... Porque já a vimos passar diversas vezes e nunca a conseguimos agarrar... Mas por vezes é tão difícil encontrá-la como adormecer uma alma... (delirio do livro que estou a ler)
    O nosso lado de fora também é, por vezes, o nosso lado de dentro... mas tentamos colocar a máscara sempre para nos misturarmos com os "semelhantes"... Ser diferente assusta, até pensar assusta muita gente... É o medo irreflectido de que te falava há pouco... Ele existe...
    A peça depois de colocada poderá ser retirada e amaciada? Gostava de acreditar com essa determinação que te li. Talvez possa, porque não?! Quantas vezes temos essa possibilidade mas achamos que já não tem solução, que mais vale seguir em frente, asas chamuscadas, do que remexer no passado ainda presente evitando assim um futuro que nunca nascerá?
    Foge-nos entre os dedos é o que é...

    Confiar? Confiar é dar um pouco de nós sem pedir nada em troca (tão difícil neste mundo materialista), é levantar o véu e baixar a máscara sim... Quando deixamos de acreditar nas pessoas deixamos de acreditar em nós, ou não somos nós apenas pedaços de um todo maior... (ou pelo menos eu penso que sim, puzzles dentro de um puzzle universal... ou matrioskas...)
    Contornos diferentes, cada vez mais fugazes, cada vez menos verdadeiros até conseguirmos reencontrar... reencontrarmo-nos... Se soubéssemos optariamos por não saber... Acredito que se pudesse escolher escolheria muitas vezes não saber... É mais difícil, dói mais, e sem sabermos onde porém mais justo... Será? (provar o travo amargo da melancolia.... essa divagação musical também passa por aqui...)

    Não conseguimos sonhar por tentativa e erro (ou talvez o façamos inconscientemente) mas podemos colorir esses sonhos por tentativas... (e diversas tentativas pressupoem erros)... A corda que prende os sonhos à realidade é inquebrável... apenas a podemos desamarrar de vez em quando.... Jamais a conseguiremos cortar... As cores perderão o brilho ou ganharão novas tonalidades... O que agora parece verde poderá ser decomposto em tonalidades de verde por exemplo... Quem sabe? Poderá alguém prever um segundo que seja? Bendito encanto da vida... :) (pois... lá está... não há acasos)

    Há canções escritas para nós quando são ouvidas no momento exacto, livros escritos a pensar em nós que nos vêm parar ás mãos no momento em que precisamos de os ler... Ao saber que as minhas palavras se encaixaram no teu preciso instante deixo fugir um sorriso enorme:)

    "Não é a solidão que faz um Homem sozinho... é a paz na dor..." (conheces esta?) A solidão é uma grande fonte de ensinamentos sim, como o tempo claro... Mas leva-nos a estados demasiadamente... sombrios. Por vezes procuramos um pouco dela para nos relembrarmos de quem somos, de onde estamos, para onde vamos... Abraçamos os seus longos braços e deixamo-nos embarcar numa viagem sem rumo... Mas é sempre preciso voltar... Encontrar uma cara na multidão, descobrir um ponto de apoio...
    E o silêncio... quanto se poderia dizer do silêncio (e foi ele que nos trouxe até aqui... e só por isso hoje não o maltrato)

    Asas de fénix sim. Não "pois", com o sentido em que o li. Renascer sim. Não "pois", com esse mesmo sentido. Lembra-te que és mais que pó. Uma alma não se transforma em pó. Apenas a carcaça um dia se tornará pó... e quando esse dia chegar já será demasiadamente tarde para tentar voar... (bem... o pó voa... :P). Subir as escadas que nos levam ao topo para que lá de cima nos possamos precipitar a um voo é algo que devemos ter sempre como objectivo... Há uma estória antiga que diz sucintamente assim "ninguém lhe disse que era impossivel, então ele foi lá e fez"... Percebes onde quero chegar? Asas de luz nas costas de um deus equilibrista... Porque não? Afinal podemos tudo...

    Dormir é perda de tempo... :) (o hoje ficamos por aqui já tinha ouvido em alguns filmes :P )

    (pensamentos, divagações.... a noite no seu apogeu!)

  17. Anonymous Anónimo 

    A alma dorme??? Repousa??? E o que fica nesse intervalo??? Com que sonhará a alma??? Boa pergunta ... tenho de pensar nisto :)

    Retirar peças faz tanto parte do jogo como escolhê-las e colocá-las. Mas o passado ainda presente (um esgar de dor com a ausência de coincidências) também é um legítimo guia. Porque ter medo do medo, aliás? Só medo em excesso paralisa, o medo doseado habilmente alerta, previne. Quanto medo tens de abrir mão do medo (Manel Cruz, mais uma vez).

    Doer ... saber onde dói e porque dói. Acho que no fundo sabemos sempre, ainda que escolhamos acreditar que não, que se evitarmos olhar para a ferida ela desaparece. Às vezes é ao confrontá-la, ao fazê-la reduzir-se à força que não tem, que podemos avançar (experiência recente nestas paragens). São nesses momentos em que david fica da mesma altura que golias que podemos confiar ... mas será sereno, tranquilo? confiar é isso, é não medir os pros e contras racional mas sim emocionalmente.

    Nao sei se de facto pintamos por tentativa e erro se por transformação e acumulação de tentativas, mas erro? sonhar errado? pintar errado? há coisas que n têm valor de certo ou errado, é isso que se passa nos sonhos e nos quadros pintados a dedo...

    (as palavras que nos encontram, ou as melodias ... a ouvir dead combo e cheira a terra molhada ... aaahhh)

    "Não é a solidão que faz um Homem sozinho... é a paz na dor...", pois, nunca fui um herói
    e nunca soube voar :P A solidão é uma bruxa, tem esse condão de nos ensombrar a alma, nos toldar a mente e a esperança. É tão velha quanto nós, apesar de vir disfarçada de borboleta, recordo-ne agora de a ter encontrado à beira mar :S E faz-nos muito frio, muito muito muito, faz-nos tremer como crianças que tentamos não ser.
    Sê gentil ... repara que é no silêncio que nos encontramos, é nas melodias que apenas nós escutamos, sem sabermos mais nada a não ser que a coberto do silêncio da noite surgem novos caminhos.

    Sim, não sabendo que era impossível ele foi lá e fez. É como dizia o Séneca, não é por as coisas serem difíceis que não as tentamos, é por não as tentarmos que elas são difíceis ;) Mas às vezes ... só às vezes, quando nos rodeiam asas diferentes, também o voo é solitário, compreendo agora que essa é também uma peça no meu puzzle...
    Posso tudo, sim. Mas não assim ... :P

    Até posso fazer chover (o que acontece neste momento, haha!). Dormir não é perda de tempo, não senhor! Dormir é bom :D Ou então sou eu que ando cansada demais (será que dormi demais, pergunta-me de vez em quando o Nuno Prata)

    (repara que estas ideias são de longe mais interessantes que o post em si :D, felizmente que isto não é mt frequentado senão começam a gostar mais destes diálogos do que do q escrevo :P hehehe)

  18. Anonymous Anónimo 

    Não dorme, apenas vagueia... aí está... Mas sonha, assim como nós sonhamos acordados... (A alma sonha? Delírios do Miguel Esteves Cardoso)

    Retirar as peças talvez seja o mais díficil do jogo, porque ao retirar uma peça a seguinte pode não mais encaixar, não tem onde... Talvez seja esse o maior medo... retirar certas peças e desmanchar em demasia o puzzle.. Paralisando o ciclo, voltando a um passado que nunca foi perfeito... Medo do medo? Sim, para se poder abrir a mão dele... Mas também ter coragem em frente ao medo... para o podermos abraçar e descobrir que afinal não era assim tão poderoso inimigo...

    Acho que não sabemos sempre onde dói... Talvez saibamos por onde começa a dor, ou onde dói mais, mas há alturas em que nos dói tanto que não sabemos mais quantas feridas temos, onde estão... sabemos apenas que existem... Também tneho de concordar que não as procuramos, como se isso as fizesse desaparecer... Os primeiros passos são sempre inseguros, mas temos de ter a noção de quanto mais tempo demorarmos a dá-los mais difíceis nos parecerão... Infelizmente é assim o jogo...
    Na confiança não se medem os pros e contras, nem emocionalmente nem racionalmente... Isso seria desconfiar antes de confiar... Confiança... Quantas pessoas conheces que confiam? Há as que "dão o beneficio da dúvida"... mas as que realmente confiam? Poucas... Cada vez menos...É triste...

    Não sonhamos por tentativa e erro como te tinha dito, mas acredito que podemos pintar esses sonhos por tentativas... Mas concordo... há coisas para além do conceito do certo e do errado...

    A solidão... triste solidão que raras vezes nos mostra ao que veio antes de nos destruir... Nunca a chamamos e raras vezes agradecemos que ela tenha vindo, mas muitas vezes precisamos dela mesmo sem saber e ela recusa-se... É uma bruxa sim...
    Quanto ao silêncio tinha dito que não o maltrataria hoje, mas tavez tenha sido injusto... É nele que me consigo reencontrar e perder-me em pensamentos recorrentes. Faria algum sentido ter uma alma, conseguir pensar, escutar e falar se ele não existisse? Quando ele se alia à noite e me vem visitar há uma certa paz que me invade, assim como uma luz que se acende... neste exacto momento deixei-o entrar no meu pequeno mundo e não me sinto tentado a deixá-lo partir... :)
    Mas também é atroz e bandido... (ah, hoje não o maltrato)

    Exactamente... o Séneca sabia do que falava. :) Os voos são sempre solitários ou não? É a tal multidão que nos deixa sós embora caminhe na mesma direcção que nós... Não é o que torna os voos tão difíceis ? Quer dizer, o voo não é difícil... difícil é conseguir largar amarras e "pesos" para nos lançarmos na descida vertiginosa que antecede o voo... Aí sim, gostariamos de não estar sós...

    Chove? :S Dormir é perda de tempo, de energia, de horas de trabalho, de leituras, de silêncios... Quanto tempo da vida passamos a dormir e de quantas horas que dormimos conseguimos sonhar? Não compensa portanto... Mais vale sonhar acordado (é um bocadinho extremista mas ultimamente quase não durmo e estou a gostar...)

    (Não são mais interessantes que o post, mas há aqui ideias que dariam excelentes posts... e se gostarem tanto do que escreves neste diálogo como do que escreves em "post"? :P Mas realmente ando aqui a monopolizar os teus posts... :S)

  19. Anonymous Anónimo 

    Hei! É o meu blog (sentimento de posse virtual) e só o monopoliza quem eu quero (estou a tentar fazer um ar zangado mas não consigo)! Mais vale monopolizarmos este, que é "só meu" (não é isto que quero dizer, antes que não é partilhado, é da minha exclusiva responsabilidade, oh, percebes, não percebes?), do que tirarmos leitores fiéis aos teus outros espaços (não respondi aos teus comentários lá precisamente por isso, transformavam-se em cerejas e depois era complicado :)).

    Não se medem os prós e os contras? Olha que és capaz de ter razão :D E por isso é tão raro confiar ... Se condescender ao benefício da dúvida é "notável", quanto mais confiar ... ainda assim, a confiança é basicamente emocional. É o que sentimos, é o fenomenológico do deixar-mos cair a máscara ... oh, quem me dera :D

    Solidão e silêncio, e agora um travo de melancolia, faço um gesto para se ir embora (como quem diz, fumo o último cigarro da noite). Há véus que o fim recente ainda me faz esconder, e isso também magoa. Mas releio mentalmente as tuas palavras, e a mensagem que veio embrulhada para o mundo veio parar aqui, e tenho lembrar-me que se todos os voos são solitários, tenho estado a perder tempo. E olho o medo de frente, mas ainda tenho medo.

    Já não chove ... foi chuva de pouca dura :S

    Continuo a precisar de dormir... como te disse antes, continuar a estudar (um outro voo que ainda não tenho miragem para orientar) tem repercussões ... e o sono é uma delas, agora que passei do Cronbach para outras paragens. Esqueci-me de abastecer de coca-cola :P

    E por isso vou dormir :)

    (agora a sério, não podes entrar na minha noite e no meu espaço para depois remeteres a noite e o espaço ao silêncio ... estas conversas/ comentários sabem bem :D ... poder podes, claro, mas não me parece que queiramos :D:D:D:D)

  20. Anonymous Anónimo 

    Oh! Então por isso não me respondeste:P É verdade que os comentários nascem como cerejas mas também não é justo deixá-los a meio... :P Ultimamente esse espaço despreocupado anda meio vazio também... São fases... Acho eu :) Deixas-me então monopolizar um pouco do teu espaço em jeito de comentários? :P

    Quando um pássaro dá o seu primeiro voo fá-lo sozinho, porém nunca conseguirá voar se não tiver um "empurrãozinho"... embora esteja completamente apto para o fazer... Mas em caso de migração os pássaros voam em grupos... Oh... Tanta teoria poderiamos colocar no voo... :)

    Já afastaste o Cronbach... menos mal... pelo menos há um avanço nos estudos :P (o que implica também que precises de dormir... embora a minha teoria esteja certa... mas é apenas uma teoria que estou a colocar em prática)

    (remeti a noite ao silêncio por "forças maiores" (que é como quem diz liguei o portátil e não tenho colunas)... continuo a ler as tuas respostas em voz alta para entrecortar esse miserável que me veio visitar :) Sabem bem sim... ** )

  21. Anonymous Anónimo 

    Passei por aqui e lembrei-me de te recordar que o próximo desafio és tu que começas :P

    (realmente isto relido novamente ganha um novo sentido... as coisas que a noite faz :D)

  22. Anonymous Anónimo 

    Ah, a noite!!! Amiga, já dizia o outro :P

    É bom chegar aqui e ler e reler estas conversas :)
    A tua teoria está certa? Qual teoria :D??? Ok, ok, eu espero pacientemente, esperar é uma virtude que poucas vezes pomos em prática :)

    E agora que é de dia (nublado, um calor desmedido, ou talvez o calor tenha sido o stress de ter pegado no carro, enfim) um sonzinho ambiente menos introspectivo, e trabalho pela frente.

    Antes de pensar no desafio tenho necessidade de ir buscar mais um pedacinho de brilho às estrelas, mas claro que não me esqueço ... achas mesmo que me esqueceria? Ah, ah, não, pois não?

    *

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