Por saber de mais, por sentir de mais, por ser de mais.
Há um peso imenso que apenas espera, impaciente e impotente. Espera ser aliviado da escravidão que teme. Da dor que não vê na luz que não sente. Abre os braços, lentamente, deixa-te cair no fundo que não tem fim.
Deixa-te apenas saborear os traços inacabados da perfeição que apenas ousaste sonhar e que preenchem esses espaços que sempre aceitaste em branco. Inunda-te de ti, do que tens de mais profundo e remoto, do que guardas a sete chaves dentro desse medo feito de madeira velha.
É uma caixa antiga, sei-o bem, tão certa e fiel desde o dia em que olhaste a luz e pensaste que era bela, e contemplaste a noite e te vislumbraste além desse pó fino emanado da atmosfera e que te seduz sem explicação ou compreensão. E por conter todos os segredos desse teu mundo fechado, por ser a mais funda das caixas e a mais íngreme das muralhas, esmaga-te e sufoca-te, enquanto te dá apenas o ar mínimo e necessário para te manter vivo. Dia após dia, após hora, após minuto, após segundo, bem sabes que o tempo é tão relativo como o ser humano.
Caixa de segredos e chave da leveza que não sentes, ela pensa em ti mesmo quando a tentas afastar de ti, da tua memória, das tuas mãos que escrevem, tecem, tocam e não chegar sequer a sentir. Cega-te tanto que só a ela vês na paisagem que pintas por ela. Por ele. Por medo.
E não tens medo de ficar?
e aqui tenho a cicatriz
tão perto do sal que me queima a pele
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