Há alturas em que não damos conta do que fazemos a nós mesmos. De como nos sobrecarregamos sem sequer nos apercebermos.
E depois, quando nos libertamos, o peso é tão grande que nos esmaga.
Esmaga e cai sobre nós a uma velocidade estonteante, não nos damos conta, não sabemos de onde veio uma tal onda de cansaço e revolta. Nem temos tempo de protestar.
Caímos desamparados, só o som do baque do nosso corpo pesado e esvaído. Somos nada.
E dormimos um sono sem sonhos nem pesadelos, um sono cheio de nada, onde o nada nos sufoca e tira de nós. Irreal, tão irreal como foi a sobrecarga de vida desperdiçada até chegar a este ponto no tempo e no espaço. A vida é uma linha, fina, cheia de curvas, algumas rectas. E o corpo pede sossego, descanso, calor, amor.
E eu o que lhe dou?
Uma falta imensa de mim. E muita água.
Hoje ganha ele, tomba-me e eu sinto o peso da sua raiva toda contra mim. Encostou-me ao cimo da minha montanha, e de lá me atirou enquanto eu tentava lutar contra mim mesma. E caí, o meu peso com o peso do que me obriguei a carregar.
Sou um pontinho no chão. Só acordo amanhã.
Às vezes faço o que quero, às vezes faço o que tenho de fazer
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