Não o viu chegar.
A surpresa sempre terá sido o elemento chave do mais puro dos assassinos.
Nem pressentiu, nem cheirou. Ele aproximou-se por trás, para não a olhar nos olhos, para não a ver chorar ... eis como não a conhecia, chorar, por ele?
Estranho, tudo foi rápido e estranho. Ora agora vive-se, ora agora se mata! Ora se ama, ora se odeia. Não foi um crime passional, não foi assim que se conheceram, foi um crime por ser, foi a defesa da mesquinhez.
E com as mãos fortes e hábeis a estrangulou brutalmente, os seus sonhos e desejos, tentando ferir os seus defeitos, macular a sua vontade. Ela não disse nada, nada havia a dizer. Jazeu no chão frio e branco do que tinha sido conhecê-lo, olhando-o. Viu-o afastar-se.
Mais tarde, os médicos da alma e do corpo e da amizade e da sabedoria, que a encontraram à beira do fim, lhe dirão que teve muita sorte. As cicatrizes sararão, os medos desvanecer-se-ão, a seu tempo.
... é so mais um começo ...
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