Rosto ardido, espera ...
Acende outro cigarro enquanto os segundos se somam, intermináveis e lentos.
Espera, desespera. Voam-lhe os pensamentos com o fumo cinzento do cigarro, desfazem-se as certezas e as convicções.
E agora?
Aperta os dedos uns contra os outros, o ruído surdo estalo embala-o e pela primeira vez desde a madrugada precoce desse dia, vacila.
Tantos planos roubados, tantos esquissos desleixados... tanto suor para dar em nada. Agora sabia, tinha a certeza da sua fraqueza. Atirou o cigarro para a calçada, tirou as mãos do bolso, e desapareceu numa qualquer esquina.
Eu estava lá, no fumo que lhe passou despercebido. E chorei quando o vi afastar-se, desperdiçar-se, deitar fora a certeza do seu amor. Gritei-lhe, puxei-o, mas nem me viu, não me ouviu. Não me ouvi cair no chão.
Abriu as asas e voou...
Não ouviu porque ainda não está preparado.
Não ouviu porque teve medo ...
A Incerteza foi aqui a assassina